Por : Heloisa Castro, Marcelo Alves e Marcos de Sousa
Cada um de nós tem uma ampulheta que devemos guardar com esmero.
Cada um de nós tem uma ampulheta que devemos guardar com esmero.
Nunca deixe que ela se quebre.
Nunca a deixe empoeirada.
Nunca a deixe parada, senão sua areia cairá tão sem graça, tão inerte …
Toda a magia da ampulheta está na forma como a manipulamos. Cada grão de areia que já caiu, quer queira ou não, foi um abraço, um sorriso, um amigo, uma briga, um pedido de paz, uma vida passando …
E nossas ampulhetas possuem buracos, uns grandes, outros pequenos, que não podemos tapar e impedir que a areia se escape.
Podemos sim, diminuir a quantidade que se esvai. Com sensatez, saber escolher, amar , odiar ou simplesmente diferenciar esses grãos. E, se temos algo em comum com outras ampulhetas, o que acontece conosco é uma troca de grãos, uma mescla de tudo o que há de bom em nós e no próximo.
Cada um de nós tem um espelho. Ninguém sabe como ele reflete, para onde reflete e nem o que ele reflete. Sabemos que ele é necessário para nosso autoconhecimento. Todo espelho alheio, a princípio, é embaçado. Cabe a seu dono e a nós mesmos lidar com as imagens que se formam. São estas verdadeiras, falsas ?
Um dia, entramos numa sala :
Eram trinta e três espelhos e, acima deles, trinta e três ampulhetas. Os espelhos, curiosamente emoldurados com madeira, diferenciavam-se.
Alguns, infelizmente foram soterrados pela própria areia que vazava de suas ampulhetas, propositalmente ou não. Outros, ironicamente foram roubados e, para compensar, colocaram em seus lugares falsificações medíocres.
Um ou outro se refletiu muito bem e dessa união homogênea, foram eles capazes de deliciar-se com maravilhosos momentos.
Aturamos espelhos sem noção. Adaptamos espelhos solidários e impacientes. Conseguimos compreender espelhos lentos. Rimos de espelhos tão criativos. Freamos espelhos tão ansiosos e esquecemos os espelhos que se improvisam. Divertimo-nos com espelhos venenosos e fomos atentos aos espelhos críticos.
Admiramos espelhos contraditórios e loucos, ignoramos espelhos que refletem outros. Vimos caras e bocas em espelhos orientais e modificamos espelhos inflexíveis.
Espelhos reservados, insatisfeitos, responsáveis, nós respeitamos todos estes. Zoamos sim, com espelhos imprevisíveis. E deixamos que espelhos se partissem em mil partes.
Observamos espelhos serenos e extravagantes. Descobrimos espelhos curiosos, malandros simples e incontroláveis. Amamos espelhos surpreendentes. Aprendemos com espelhos sensatos e sentimos falta de espelhos tão acolhedores.
Espelhos recatados, eles se mostram ! Espelhos loiros, eles se envergonham ! Espelhos transparentes são também valiosos.
E cada um de nós terá reflexos do outro. Esse é o nosso tesouro. Será nossa areia derramada. Sinal que o tempo passou bonito aos nossos olhos.
Não temos a certeza de estarmos preparados. Temos certeza de que cada um é grato aos professores, ao seu próximo, a si mesmo.
Se pararmos para analisar, fomos todos tão iguais como pessoas, tão merecedores dessa formação …
Já não nos resta ser apenas alunos e sim sermos cidadãos e humanos, mesmo que por dentro. Devemos usar a humanidade que há aqui, na humanidade lá fora. Usar princípios que ainda acreditamos para que nada de bom se perca e caia no esquecimento.
Já nos resta, depois desse mar de palavras, apenas desejar …
Desejar que cada um de vocês consiga realizar seus sonhos, pois não sonhamos pequeno. E se esses sonhos nos tornarem ricos, melhor. Assim vocês poderão comprar muitos livros nossos.
Desejar que cada um tenha um amor, ou amores exclusivos. Amor para a vida toda, ou quem sabe, muitas eternidades passageiras.
Desejar que todos vocês alimentem mais seus egos, de forma humana e justa, sem se arrepender de seus atos. E que cada humano, torne-se mais humano.
Desejar que as pessoas não parem de sonhar. Que obtenham uma visão de 360º que as tornem também, tolerantes aos sonhos dos outros.
Eu, Marcos, desejo a Heloisa que seu mundo seja sempre verde e, ao Marcelo, que sua alma continue eternamente sendo esse vulcão de sentimentos.
Eu, Heloisa, desejo ao Marcelo mais uma personalidade e, ao Marcos, que as gotas de chuva em sua vida se transformem em palavras.
Eu, Marcelo, desejo a Heloisa que ela continue interligando mentes. E ao Marcos, que ele perpetue a sua tolerância.
Desejamos que o Paulo não volte nunca mais a pintar seu cabelo de loiro. Desejamos que uma UPP seja colocada nos morros perto da casa de todos.
Desejamos que todos tenham oportunidades, procurem-nas, agarrem-nas e consumam-nas até a última gota. E que saibam aproveitar não apenas as oportunidades, mas também os problemas, pois são eles que nos fazem crescer.
Desejamos que todos tenham consciência, não a consciência brasileira, mas a legítima.
Desejamos que todos sejam crianças eternas. Mas crianças ajuizadas e que bebam muita cachaça.
E por último desejamos que a areia das ampulhetas vossas, nunca acabe.


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