sábado, 16 de outubro de 2010

Noite Carioca

Sábado, aproximadamente 01h30min da manhã.

Lapa, berço da malandragem carioca e reduto de todos os ritmos.



Só dos ritmos ?

Pois bem, 2 meninos. Um preto, um empretecido. Ao lado de cada um, uma garrafinha. Mas dentro dela não havia água, suco, refrigerante ou bebida alcoólica. Era crack.

Mais distante, havia uma menina. Não tão empretecida quanto o segundo menino, mas ainda sim, encardida. Perto de si não havia garrafas, nem cigarros, pílulas ou agulhas. Só um amontoado de papelão. Ela estava cansada e com fome, mas conseguiu uns trocados pedindo aqui e ali durante o dia. Arrumou o papelão junto a uma das "paredes" dos Arcos, parecia mesmo uma casinha (não de gente, mas ainda assim, era uma casinha). Levantou, pegou seus trocadinhos, comprou uma coca, uma água e um churrasquinho. Foi à "casa", entrou, sentou, lavou as mãos e a boca com um pouquinho d'água, comeu o churrasquinho, tomou a sua coca-cola. Guardou a água com todo cuidado, pois ouviu na TV de algum lugar que o dia seguinte seria quente. Olhou os 2 meninos que riam e se divertiam com bolsas, carteiras e celulares novos. Olhou todas aquelas pessoas passando todo o tempo de lá para cá. Era bonito vê-los em suas diversas cores e luzes. 

Por fim, rendeu-se ao cansaço. Fechou a "porta" da sua "casa" e adormeceu, esperando que o dia seguinte lhe reservasse uma boa surpresa ou que ao menos, fosse menos cruel quanto o atual.

1 comentários:

Marcos de Sousa disse...

Lindo. Passa toda uma mensagem de moral e ética mesmo sem a personagem falar nada.

Simplesmente adorei.

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