Capítulo 8 : Batalha Final
O Amor, outrora derrotado pela Paixão já não podia mais ser conivente com os castigos que o coração dela vinha sofrendo. Precisava agir.
Tomou coragem para enfrentar a Paixão. Ela era realmente inebriante, a fumaça do seu cigarro de canela era quente, mas não incômoda. Seu olhar era fixo e sedutor, sempre traiçoeiro.
Lá se foi o Amor, com seus chinelos e bermudão, uma camisa lisa e um sorriso nervoso na face. Ele era simples, mas não surrado como muitos ousavam pensar. Era bonito também, sem ser sedutor, era apenas cativante.
Entrou no bar, o cheiro forte do conhaque o incomodou num primeiro momento e a fumaça dos cigarros formava uma névoa sob o lugar. Ele a avistou num balcão, sentada, mas seu cigarro estava apagado e o copo vazio, além disso, não olhava nenhum dos relacionamentos que regia. A Paixão aguardava a chegada do Amor ansiosamente.
Parou diante dela. Ela o observou por um tempo e depois fez sinal para que se sentasse à sua frente.
Nenhum dos dois falou nada. A Paixão sabia que, desta vez, o Amor venceria e não quis relutar.
Segurou o Amor pelas mãos e abriu-as sobre as suas. Nelas, colocou as cinzas de todas as fogueiras que acendeu naquela menina. Depois de deixar escorrer por entre seus dedos todo aquele pó, ela disse :
- Agora ela está pronta. Não é mais a menina ingênua de quando a conheci e seu coração não tem mais condições de me abrigar. Ela está oca e cheia de cicatrizes. É toda sua.
E foi embora.
O Amor sorriu e saiu do bar. Entrou em casa e foi direto para o jardim. Fez das cinzas que a Paixão lhe deu de adubo. Havia uma nova flor para plantar.
Continua ...
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